Coco, afoxé e maracatu encantam o público do Festival de Inverno

A cultura pernambucana desfilou no sábado (23), no Palco de Cultura Popular Ariano Suassuna do 27º Festival de Inverno de Garanhuns (FIG). Oito atrações fizeram o público reconhecer as raízes dos nossos ritmos.

Entre as atrações, estava o Coco dos Pretos, do Centro Cultural Cambinda Estrela, da comunidade de Chão de Estrelas, de Recife. Com dez anos de formação, participando pela terceira vez do FIG, o grupo apresentou um repertório eclético com músicas autorais e releituras, inclusive, sambas conhecidos do público em ritmo de Coco. Coco dos Pretos é um grupo festivo, instigante e animado que transmite energia e força. Possuem um corpo percussivo marcante, com cantoria executada em pares divididas entre o vocalista Adriano Santos e as outras quatro cantoras. As letras das músicas evocam Recife e defendem a cultura e a identidade negras.

“Coco dos Pretos é uma forma alegre de levar a cultura popular para o público com responsabilidade. É uma satisfação enorme estar mais uma vez, aqui, no FIG”, diz o vocalista e produtor musical do grupo, Adriano Santos. A chuva não atrapalhou a efervescência do público que não conseguia ficar parado envolvendo-se com o som.

Em seguida, subiu ao palco o Bloco Compositores e Foliões, também de Recife. Com sete anos de formação e 38 participantes, incluindo 14 músicos, o bloco é conhecido por tocar músicas de novos compositores da capital, além de frevos menos conhecidos. “É de arrepiar estar no FIG, estamos com vontade de cantar e abraçar todo mundo”, diz Socorrinho Cardoso, presidente e compositora oficial do bloco. A cena contemporânea musical do Frevo defendida pelo bloco continua falando de amor, de carnaval e de saudade. Eles trouxeram um clima de beleza, colorido e pertencimento ao 27º FIG. Liderados por quatro cantoras, o bloco invadiu o público com seu estandarte contagiando a todos.

Um dos momentos mais marcantes foi quando Cassius Cavalcanti, filho do compositor Getúlio Cavalcanti, subiu ao palco e cantou, junto ao Bloco, um dos frevos mais conhecidos do grande público: Último Regresso. O FIG transformou-se em um grande coro onde todos cantaram, de maneira emocionada, em uníssono. Outra participação marcante foi a presença das cantoras gêmeas pernambucanas Mayra e Maya que fizeram, junto com o bloco, o bis da plateia com o frevo Madeira que Cupim Não Rói, de Capiba. O Bloco, ainda, fez a Ciranda da Rosa Vermelha e convidou a todos para fazer a famosa dança em círculo. Ao final do show, a orquestra invadiu o público e agitou tocando frevos de rua.

O Maracatu de Baque Solto Leão Vencedor de Carpina veio marcando com o seu colorido e personagens. Vassalo ou Menino do Guarda Chuva, Lampiões ou Carboreteiros, a Dama do Paço, que conduz a Boneca de Pano, Baianal encheram de beleza o centro de Garanhuns. Loas improvisadas pelo Mestre também foram dedicadas ao público e a uma das instituições realizadoras do FIG. Um dos versos dizia:

“A Fundarpe incentiva a Cultura Popular / Faz tudo o que é preciso para nunca se acabar”

Quem finalizou o conjunto de atrações do dia do Palco de Cultura Popular Ariano Suassuna foi o Afoxé Omolu Pa Kerú Awo, também, da comunidade de Chão de Estrelas, do Recife. Os agogôs e atabaques, instrumentos percussivos, foram os destaques dessa musicalidade, além do próprio afoxé. Eles reproduzem um som capaz de pulsar dentro do corpo. A dança dos bailarinos é encantadora com movimentos envolventes e contagiantes. Ali, representado em suas vestes de palha, estava o orixá Omolu, deus da terra, da doença e da cura.

Ao trazer o ritual festivo em homenagem ao orixá, o grupo derramou pipocas, a principal oferenda dedicada a ele, no palco. As músicas, são, também, construídas através de perguntas e respostas e foram guiadas por um casal de cantores que intercalavam a voz principal. As letras falam com os deuses e pedem pelo bem desejando amor e proteção. “Nós fazemos músicas autorais, toadas ou zoelas de orixá, e outras de domínio público. É a nossa primeira participação no FIG e a gente acha muito importante divulgar a nossa cultura que não é só dança e música. Nós fazemos um trabalho social através dessa cultura que envolve formação e fortalecimento da identidade. O grupo está muito contente de participar do festival”, diz Wanessa Paula Santos, presidente do Centro Cultural Cambinda Estrela, de onde deriva o Afoxé. O grupo foi formado em 2006 e conta com bailarinos e músicos percussionistas e cantores.

Outras atrações que se apresentaram, ontem, no Palco, foram Valdir Mariano, Reisado Mestre João Tibúrcio, Boi Tá Tá Tá e a Tribo Indígena Carijós do Recife.

 

Fonte: http://www.cultura.pe.gov.br/

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