Fiocruz: Recife é uma das cidades do Brasil onde vírus deve se espalhar mais rápido
A estimativa prevê que além dos centros urbanos das regiões Sul e Sudeste, Recife e Salvador devem enfrentar a situação mais difícil, com grande potencial de acumular casos graves no curto prazo. Além da conectividade aérea, o estudo levou em conta o percentual de população de risco, acima de 60 e acima de 80 anos, elevado nessas regiões. Microrregiões no interior do Rio de Janeiro e São Paulo também devem apresentar surtos em breve, devido à mobilidade pendular com suas capitais.Sobre a projeção, o secretário estadual de Saúde, André Longo, afirmou que Pernambuco tem se esforçado para evitar ao máximo a expansão exponencial do novo coronavírus. “Temos adotado diversas medidas. Caso elas não sejam adotadas, a previsão é de duplicação dos casos a cada três dias. Isso não tem acontecido no estado. Estamos avaliando o cenário diariamente. As nossas projeções são diárias, de acordo com a realidade que se apresenta. O cenário da Covid-19 é muito dinâmico, então fazer qualquer quantificação poderia causar um alarde desnecessário neste momento”, afirmou.
O relatório da Fiocruz identifica que São Paulo apresenta maior potencial de rápida dispersão para os demais estados, por centralizar a malha aérea do país. Com a crescente suspensão de voos e o fechamento de fronteiras pelos países mais afetados e o potencial aumento de controle sanitário em relação aos passageiros de voos internacionais, o número de casos importados internacionalmente tende a diminuir sua relevância frente aos casos decorrentes de transmissão comunitária sustentada.
“Para criar a nosso cálculo de probabilidade, nós levamos em consideração a subnotificação dos casos, como observado em outros países, e o tempo de duração da infecção por paciente de oito dias. Com isso, é possível que nossos resultados comecem a ser observados em uma ou duas semanas. Mas é claro que tudo vai depender das medidas tomadas para a contenção do vírus”, explica o pesquisador da Fiocruz e coordenador do estudo, Marcelo Gomes.
Os cenários foram construídos assumindo ausência de distanciamento social e restrição de viagem. Muitos municípios e unidades da federação já iniciaram implementação de medidas de redução da mobilidade, tanto interna quanto intermunicipal ou interestadual. Tais medidas contribuem para diminuir o risco que foi avaliado no estudo. O grupo trabalha para fazer novas previsões que considerarem o impacto de medidas de restrição da mobilidade.